Dedico à mulher da minha vida, minha heroína, minha avó.

Esqueci de ver o quanto o tempo passou e o quanto à medida que torço pra me tornar mulher, torno aqueles olhos mais fundos e aquele rosto mais marcado. Sinais de que as preocupações não foram poucas, mas os sorrisos houveram de ser muito. Esqueço-me de que a cada detalhe de mulher que tomo pra mim, faço de quem um dia me carregou no colo, a minha criança que agora, ao invés de lembrar para nunca mais esquecer, esquece as curtas lembranças e se resume a sorrisos apagados, indignados de si e em pensamentos soltos do quais eu faria de tudo para desvendar e poder, por ventura, gravá-los para que, se tristes, eu a faça esquecer e, se alegres, eu os guarde para os meus então cabelos brancos.

Natascha Abreu